domingo, 28 de outubro de 2012

A SURDEZ DE BEETHOVEN - O DESAFIO DE UM GÊNIO

Bento RF. Beethoven's Deafness, the Defiance of a Genius . Int. Arch. Otorhinolaryngol. 2009;13(3):317-321
 
 
Author(s):
Ricardo Ferreira Bento1.

Resumo:
Introdução: Ludwig van Beethoven, um dos maiores compositores da história, foi atormentado em toda sua vida por uma surdez progressiva sem diagnóstico definitivo. Muitos autores publicaram estudos sobre as possibilidades etiológicas da surdez do gênio da música com diferentes explicações sobre sua perda auditiva. Neste trabalho o autor discute as implicações da surdez progressiva de Beethoven na criação de sua obra, bem como considerações etiológicas de sua doença. Teria tido Beethoven a mesma genialidade que mostrou em suas sinfonias caso ele não tivesse hipoacusia e zumbido? Qual a influência que sua surdez teve sobre sua vida e obra? Teria Beethoven possibilidade de diagnóstico mais preciso e principalmente tratamento nos nossos dias? Teríamos nós o compositor fora de série se ele apresentasse a surdez nos dias de hoje? Possivelmente, não teríamos!
Abstract:
Introduction: Ludwig van Beethoven, one of the greatest composers in History, was tormented for his whole life by a progressive deafness without definitive diagnosis. Many authors published studies about the etiologic possibilities of the deafness of the music genius with different explanations about his auditory loss. In this work, the author discusses the implications of Beethoven's progressive deafness to the creation of his word, as well as etiologic assumptions of his disease. Would Beethoven have had the same ingeniousness he showed in his symphonies if he did not have hypacusis and tinnitus? What is the influence of his deafness on his work and life? Could he have had a more precise diagnosis and specially a treatment nowadays? Would we have the brilliant composer if he had deafness today? We surely could not have!
INTRODUÇÃO

Os funerais de Ludwig van Beethoven foram realizados no final do dia 29 de março de 1827 na igreja da rua Alserstrasse em Viena, Áustria.

Viena lhe ofereceu todas as honras que lhe havia negado em vida. As escolas foram fechadas e naquele dia os vienenses tiveram a certeza de terem perdido algo de verdadeiramente grande; todavia a imensa e emocionada participação não resgatou aos olhos daqueles que o amaram profundamente, a longa indiferença ao musico nos últimos anos de sua triste existência.

Seu devoto companheiro, Nikolaus Zmeskal, poucos dias depois escreveu a Therese von Brunsvik, mais que amiga do maestro: "A sua morte suscitou uma emoção da qual não se tem lembrança... De vinte a trinta mil pessoas acompanharam o funeral. Os compositores mais ilustres entre os quais Franz Schubert (que morreu aos 31 anos 1 ano depois de Beethoven e enterrado ao lado dele) estavam ao lado de sua urna funerária"

Beethoven recebeu a extrema unção na manhã do dia 24 de março, junto a ele estavam a mulher de seu irmão Johann e um jovem músico de Graz de nome Anselm Huettenbrenner vindo a ser dado como morto no dia 26 as
17:45. O jovem escultor Danhauser moldou sua máscara mortuária na manhã seguinte.

Concluiu-se assim a vida do Maestro, uma vida triste e solitária, não obstante os sucessos artísticos, atormentada nos últimos 30 anos por uma saúde precária e sobre tudo por uma surdez progressiva, angustiante, iniciada precocemente com zumbido e intrusões auditivas persecutórias que o vão excluindo gradualmente e inevitavelmente da vida em sociedade.

Ele escreveu ao amigo e médico Franz Gerhard Wegeler em 21 de junho de 1801, quando tinha 31 anos de idade:

"Você tem tido notícia da minha situação? Os meus ouvidos nos últimos 3 anos estão cada vez mais fracos, Frank o diretor do Hospital de Viena procurou retonificar o meu organismo com tônicos e meus ouvidos com óleo de Mandorle. Não houve nenhum efeito, a surdez ficou ainda pior. Depois um asno de um médico me aconselhou banhos frios o que me levou a ter dores fortes. Outro médico me aconselhou banhos rápidos no Danúbio, todavia a surdez persiste, as orelhas continuam a rosnar e estalar dia e noite. Te confesso que estou vivendo uma vida bem miserável. Há quase 2 anos me afastei de todas as atividades sociais, principalmente porque me é impossível dizer para as pessoas : Sou surdo !... Se minha profissão fosse outra, talvez poderia me adaptar à minha doença, mas no meu caso a surdez representa um terrível obstáculo. E se os meus inimigos vierem a saber ? O que falarão por aí? Para te dar uma ideia desta estranha surdez, no teatro eu tenho que me colocar pertíssimo da orquestra para entender as palavras dos atores e a uma certa distância não consigo ouvir os sons agudos dos instrumentos e do canto. Surpreendentemente, nas conversas com as pessoas muitos não notaram minha surdez, acreditam que eu sou distraído. Muitas vezes posso ouvir o som da voz mas não entendo as palavras, mas se alguém grita eu não suporto ! O doutor Vering me disse que certamente meu ouvido melhorará, se isso não for possível tenho momentos em que penso que sou a mais infeliz criatura de Deus.

Não há dados nos quais se possa estabelecer exatamente o início de sua surdez. Por alguns manuscritos de Beethoven parece que os sintomas se manifestaram quando tinha 26 anos (em 1796), ano no qual fez sua primeira turnê em Berlin, Dresda, Praga, Lipsia, Nuremberg e Budapest. Esta imprecisão se deve ao fato de que ele provavelmente não a percebeu ou não dava valor pois não foi súbita e por ser jovem e consciente de suas amplas capacidades artísticas e musicais, não esperava ficar surdo.

Apesar de racional em suas escritas sobre a ineficácia dos tratamentos médicos sempre procurou esperança em novos tratamentos.

Em 16 de novembro de 1801 o compositor escreveu novamente ao seu amigo Wegeler: "quer saber como estou? E do que preciso? O doutor Vering* me coloca torniquetes nos braços. Este tratamento é muito desagradável, à parte da dor, fico privado de usar o braço por 2 ou 3 dias. Devo confessar que o ruído nos ouvidos fica menor, principalmente no esquerdo onde começou a doença, mas a audição fica na mesma. Não gosto de trocar muito de médico, mas me parece que Vering seja um pouco empírico... O que você pensa do doutor Schmidt**? Parece ser um outro homem. Me contam maravilhas dele, O que você acha? Um médico me disse que viu em Berlin um menino surdo-mudo começar a ouvir e um homem surdo a sete anos se curar totalmente. Mas mesmo o Dr. Schmidt, não fez nada mais do que aconselhar-lo a vida no campo para proteger-se do nervosismo da cidade. Beethoven, seguiu seus conselhos e no fim de abril de 1802 se transferiu a Heiligenstadt, pequeno e tranquilo subúrbio aos pés dos bosques de Viena. Aquilo o fez se concentrar por seis meses e atingir a plenitude de seus pensamentos musicais. E foi neste local que se encontrou anos após sua morte um manuscrito dentro de uma velha escrivaninha seu testamento que entre tantas dizia: Para meus amigos e para aqueles que pensavam que eu era anti-social, distraído e ermitão, me julgaram mal. Vocês não conheceram a causa secreta disso tudo. Eu era atormentado de um mal sem esperança, piorado devido a médicos insensatos. Por anos fui enganado com esperanças de melhora e no final fui constrangido a aceitar a realidade de uma doença incurável. Nascido com um temperamento ardente e ativo e sensível às atrações da sociedade, tive que bem cedo me isolar e transcorrer a vida em solidão. Se às vezes tentava me esquecer, meu ouvido me trazia de volta à realidade. Não podia nem pedir para as pessoas : Falem mais alto, gritem, porque sou surdo ! Como poderia admitir uma doença na qual o sentido que para mim mais do que para ninguém deveria ser perfeito? Tive que viver sozinho e se estou com alguém fico com uma enorme ansiedade do medo de correr o risco de se notar a minha condição. Provei desta humilhação quando um aluno que estava ao meu lado ouvia o som de uma flauta e eu não, ouvia o canto de um pastor e eu nada. Quase coloquei fim à minha vida algumas vezes. Foi a música que me entreteve. Me parecia impossível abandonar este mundo antes de criar todas as óperas que sentia imperiosa necessidade de compor. Esta foi minha vida, angustiosa. Quando lerem estas linhas saberão que aqueles que de mim falaram, cometeram grande injustiça. Peçam ao Dr. Schmidt para descrever minha doença para que o mundo possa se reconciliar comigo, ao menos após minha morte (1).

Este documento testemunha perfeitamente o drama psicológico do grande compositor e justifica plenamente sua involução de caráter. Todavia a surdez não interferiu de modo algum na sua veia criativa que terminou por expressar de modo sublime todo seu mundo interior, todos os sentimentos, todas as paixões, todas as emoções e cada percepção de sua alma e da natureza.

O caráter do maestro, fechado, foi em parte reflexo de sua doença, mas é evidente que sua formação teve também influencia de sua infância e adolescência (2).

Beethoven nasceu em 16 de dezembro de 1770 em Bonn, pai era um tenor medíocre e com vício da bebida, sua mãe Maria Madalena Keverich tinha 19 anos quando ele nasceu era filha de um cozinheiro e já viuva de um camareiro da corte. Sua infância foi rígida e triste. Como manifestou precocemente o talento para música, não tinha ainda 8 anos e seu pai, descapacitado de prever um gênio em formação e querendo desfrutar de lucros pessoais o apresentou como prodígio na Academia de Música de Colônia, mentindo sua idade para seis anos. Com 11 anos fazia parte da orquestra de Bonn e aos 13 era organista. O pai sem dúvida atrapalhou seu início de carreira o obrigando a ganhar a vida. Com 22 anos deixou Bonn e foi para Vienna, capital da música. Foi em Viena que conquistou rapidamente a notoriedade e sucesso como concertista e compositor. Em 1814 veio o apogeu da vida musical de Beethoven, quando no Congresso de Viena quando estava se fazendo a reestruturação da Europa, após Napoleão, ele foi aclamado como o maior músico vivo. O Imperador Francisco I da Áustria (irmão da Princesa Leopoldina do Brasil) colocou a sua disposição dois salões em seu palácio em Viena e lhe deu a cidadania honorária de Viena. Mas foi neste momento também que a o agravamento de sua surdez o fez abandonar a carreira de concertista.


TRATAMENTO DA SURDEZ

Em 1814 Beethoven encontrou o Dr. Weissenbach, que se interessou por seu caso. O médico era compositor e poeta e também ele foi acometido de perda de audição. Os tratamentos que lhe foram impostos eram os mais disparatados, os mais bizarros e curiosos, obviamente empíricos e inúteis. Suadouros, torniquetes, lavagens, vaporizações com fumaça, diuréticos, temporadas no campo, instilação de várias substâncias nos condutos auditivos, dietas, banhos termais frios e quentes, estimulações elétricas de corrente contínua. De pouca utilidade foram também as cornetas acústicas construídas pelo mecânico da corte Joahann Maelzel. Ele usava seus aparatos acústicos no ouvido esquerdo, pois o direito era completamente surdo. Ele sempre dizia que o som não entrava somente pelo canal e sim por todo o crânio. Ele usava também uma baqueta de madeira entre os dentes e apoiava sobre a caixa de ressonância do piano para sentir as vibrações.

Usou também pedaços de algodão nos ouvidos, pois estes modificando a ressonância do sistema tubular do conduto auditivo externo garantiam sensações favoráveis filtrando algumas frequências e aliviando um pouco o zumbido.

Já entre 1821 e 26 sua saúde piorou com outras manifestações como diarreia epistaxe e outros sinais evidentes de manifestações hepáticas. Se tornou um paciente indisciplinado bebendo muito vinho e café forte. Teve uma pneumonia, piorou seu estado geral com ascite com várias punções para aliviar e daí para frente não mais se recuperou.

Historiadores, biógrafos, médicos, estudiosos sempre tentaram chegar a conclusões definitivas das causas que levaram à surdez de Beethoven e os mecanismos etiopatológicos de sua característica evolutiva para verificar as possibilidades da interferência da doença no seu caráter, na sua vida e na sua produção musical.


DISCUSSÃO

Muitas foram as hipóteses e interpretações patogênicas propostas, mas a verdadeira natureza da doença e das condições patológicas que determinaram a surdez são ainda desconhecidas. A referência mais importante que temos para justificar sua surdez acompanhada de zumbido é a autópsia realizada no dia seguinte de sua morte pelo Prof. Johann Wagner e seu discípulo Karl Rokitansi (que depois foi um dos maiores autores de seu tempo). Na parte da descrição das orelhas foi assim descrita (resumidamente):

- "A cartilagem do pavilhão é grande e irregular. O meato acústico externo próximo ao tímpano mostra descamações epiteliais. A trompa de Eustáquio tem mucosa espessa e a parte óssea estreita. As células mastoideas e o parte petrosa do osso temporal principalmente próximo à cóclea está hiperêmico. Os nervos acústicos estão atróficos e desmielinizados. As artérias auditivas estão dilatadas e escleróticas".

A presença de esclerose nos vasos auditivos pode levar à hipótese de insuficiência vascular da orelha interna. Poderíamos saber com precisão se fosse possível se encontrar os ossos temporais conservados em formalina que Wagner guardou para estudos posteriores. Em 1863, se abriu a sepultura de Beethoven, mas Adam Politzer encontrou somente alguns fragmentos do seu crânio. Os dados de autópsia da orelha média só puderam fornecer informações que excluem patologia inflamatória crônica.

A maioria dos estudiosos a partir de BARATOUX E NATTIER (1905) sustentam a tese de otospongiose progressiva da cápsula labiríntica e anquilose do estribo. O que equivale a uma otosclerose clássica. Em um amplo estudo publicado em 1921, chamado a surdez de Beethoven, Guglielmo Bilancioni afirma: " Na sua orelha média poderia ter uma lesão todavia obscura em sua patogênese, a esclerose auricular", otosclerose, que determina uma diminuição de audição progressiva, sem causa avaliável e sem sintomas relevantes, fora um altíssimo grau de surdez e zumbido a qual é eminentemente familiar e hereditária.

SCHARTER, em outra publicação recorda que existe uma forma particular de otosclerose dita coclear e descrita em 1912 por MANASSE e mais tarde por CARHART em 1963.

Em 1970, STEVENS E HEMENWAY, publicaram que a otosclerose explica bem a perda progressiva e o zumbido tipo chiado comentado por Beethoven, todavia no âmbito do diagnóstico diferencial deve-se considerar a hipótese de que o ouvido interno pudesse ter sido acometido por uma neurite tóxica, infecciosa ou luética.

SALA (1984), MOTTA E GRISSANTI em 2004 publicaram a favor de uma surdez do tipo mista devido a um início precoce, bilateral mais ou menos simétrica e de evolução diferente de cada lado, mas algumas descrições anamnéticas do próprio Beethoven nas cartas de 1801 e 1802 puderam colocar a hipótese de otosclerose em dúvida. Não há nenhuma descrição de surdez na família de Beethoven. Ele não assinala sintomas de paracusia de Willis nem sintomas do fenômeno de Weber. O próprio maestro cita que no início a perda foi nas frequências agudas, o que é menos comum na otosclerose. Apesar de o zumbido ser sintoma comum na otosclerose, os portadores desta doença não referem a incômodo aos sons de alta intensidade, como ele se refere, sendo isso um clássico fenômeno de recrutamento. Outros autores referiram até à possibilidade de uma doença autoimune, obviamente muito difícil de se confirmar naquela época.

Nos dias de hoje Beethoven provavelmente teria uma qualidade sonora e consequentemente de vida melhor, principalmente pelas possibilidades criadas pela engenharia acústica e mais recentemente de estimulação elétrica (implantes) e de informática. Mesmo assim muitos casos de surdez sensório neural apresentam recrutamento e alterações na discriminação auditiva que torna difícil e as vezes impossível o uso de aparelhos de amplificação sonora individual. No que diz respeito ao acometimento do estribo por uma otosclerose a possibilidade de um procedimento cirúrgico, porém pouca coisa evoluiu no tratamento médico da otospongiose da cápsula ótica, na determinação precisa da etiologia das doenças do ouvido inter-no, em que pese atualmente os sofisticados exames de imagem e laboratoriais e de audiologia que temos em mão. Muitas e muitas vezes nós especialistas não conseguimos determinar a causa de uma surdez sensório-neural ou de um zumbido e continuamos utilizando de tratamentos empíricos, certamente menos agressivos do que os usados em Beethoven, porém ainda assim empíricos! Será que realmente poderíamos ter feito algo pela melhora de sua audição?

Muita coisa ainda tem que ser estudada e evoluída no conhecimento de nossa área para podermos ajudar mais e mais nossos pacientes e continuará sendo um desafio constante aqueles jovens que iniciam na especialidade. Este setor da otorrinolaringologia será um dos que mais se desenvolverá nos próximos anos.

Neste caso devemos pensar, extrapolando para nossos dias, o que nós poderíamos ter feito a Beethoven como nosso paciente.

Na época em que ele viveu a privação auditiva era muito mais importante do que a privação sensorial. HELLEN KELLER em seu livro "O Romance da Vida" publicado em 1900 escreve "Os problemas da surdez são mais profundos e complexos, mais importantes dos que os da cegueira. A surdez é um infortúnio muito maior. Representa a perda do estímulo mais vital, o som da voz, que veicula a linguagem, agita os pensamentos e nos mantém na companhia intelectual do homem." Hellen Keller teve a infelicidade de ter uma síndrome de USHER (surdez e cegueira progressiva) e se tornou privada destes sentidos ao longo da vida. Ela mais do que ninguém poderia testemunhar e comparar o fato de perder estes estímulos sensoriais. Foi somente a partir do descobrimento das artes gráficas e a impressão e depois ao longo dos séculos o barateamento dos livros e publicações e a possibilidade de quase todas as pessoas terem acesso à escrita e imagens. Depois da criação da fotografia, da televisão, do computador e de todos os estímulos visuais e principalmente a descoberta e universalização da luz elétrica (a fraca luz que existia a noite dificultava a visão à noite) foi que a visão passou a ter a uma importância grande na civilização. Na época de Beethoven o estímulo auditivo era essencial, sem ele as alterações psicosomáticas e as depressões eram muito maiores no indivíduo surdo, principalmente um compositor!

Por outro lado, a terrível privação para um músico de não ouvir mais os sons da vida e do mundo que o rodeava não o impediu de traduzir em imagens melódicas e figuras musicais tanto as delicadas sensações como as poderosas interpretações encontradas em sua obra. E sua concentração era muito mais facial do que em uma pessoa ouvinte normal.

Assim pensando, de outro modo podemos deduzir de modo paradoxal que sua inata genialidade para a música pode ter sido exacerbada pela surdez favorecendo uma purificação da melodia encontrada em suas sinfonias e não ter sido condicionada pela moda da época e pelo rígido sistema e maneirismo de seu tempo. Somente a sinfonia numero 1 é anterior a 1796, que foi a época de evolução de sua surdez, portanto quase toda sua produção musical foi concebida durante seu período de surdez importante.

Sua perda auditiva fez com que ele abandonasse sua carreira de concertista e diretor musical, mas não influiu em sua obra sendo inclusive sua maior criação a nona sinfonia criada entre 1822 e 24, já na sua fase completamente surda.

Em resumo, indiretamente e quase paradoxalmente se pode afirmar que o isolamento e fuga dos confrontos com o mundo exterior tenha de algum modo favorecido seu talento e sua genialidade musical. Enquanto o artista vivia internamente o seu mundo ideal feito de imagens sonoras o levando a um nível de puro pensamento que em se escutando suas obras se pode presumir.

Em conclusão, tudo leva a crer que graças a esta inevitável solidão, Beethoven alcançou gradualmente uma linguagem musical cheia de emoções, abstraída de seu isolamento que provavelmente nunca teria conseguido em condições físicas normais. Sua surdez acabou sendo uma das principais colaboradoras de sua genial obra. Sem ela teria sido Beethoven o grande compositor de todas as épocas?


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.* Verning foi diretor do Instituto de Saúde de Viena de 1797 a 1809, médico conselheiro do Imperador José II.
** Foi Professor de Anatomia, conselheiro real, médico renomado particularmente em oftalmologia. Publicou vários artigos médicos. Beethoven confiou muito nele, seguiu seus conselhos de 1801 até sua morte. No seu testamento, Beethoven convidou a Schmidt a descrever sua doença. Beethoven dedicou a ele o Trio para piano, violino e violoncelo em b-maior op. 38.

2. Ascherson, N. Beethoven's deafness and saga of the stapes. Trans Hunterian Soc. 1965-1966; 24:7-34.

3. Baratoux G, Natier M. A propos de la surditè de Beethoven. Cron. Med. 1905, 12:492-496.

4. Keller H. O Romance da Vida 1900.
5. Liston SL. Beethoven's Deafness. Laryngoscope. 1989, 99:1301-1304.
6. McCabe,BF. Beethoven Deafness. Ann. Otol. Rhinol. Laringol. 1958, 67:192-206.
7. Mallardi V. Beethoven, la sorditá di un genio tra vita e mito - Acta Oto Rhinolayngol Ital.1999, 19:166-177.
8. Felisati D, Sperati G. Pazienti Celebri- Malati ORL nella storia e nell'arte. Societá Italiana de Otorrinolaringologia e Chirurgia Cervico-Facciale. 2008, 127-147.

9. Stevens HM, Hemenway WG. Beethoven's Deafness JAMA, 1970, 213: 434-437.




1. Professor Titular da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP. Presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial.

Instituição: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
São Paulo / SP - Brasil. Endereço para correspondência: Ricardo Ferreira Bento - Rua Major Paladino, 464 - São Paulo - SP - Brasil - CEP: 05307-000 - E-mail: rbento@gmail.com Arigo recebido em 27 de Agosto de 2008.

Artigo aceito em 10 de Agosto de 2009.



 

PERDA AUDITIVA CONDUTIVA


A Perda Auditiva Condutiva ocorre quando as ondas sonoras são bloqueadas na orelha externa ou média e não conseguem chegar à orelha interna. Pessoas afetadas pela Perda Auditiva Condutiva experimentam uma redução geral do volume dos sons e têm dificuldade em ouvir sons fracos. A maioria das perdas condutivas não são permanentes e podem ser tratadas com medicamentos ou por cirurgias. Mas, se não forem tratadas podem ocasionar uma perda permanente.



Causas:
Otite Média
  • Também chamada de infecção do ouvido médio.
  • A causa mais comum de Perda Auditiva Condutiva entre crianças.
  • O ouvido médio fica inflamado e é preenchido por um fluido, impedindo o tímpano de vibrar corretamente.
  • Inflamação pode ser resultado de um vírus ou infecção respiratória.
  • Sintomas incluem inchaço, vermelhidão, dor de ouvido, irritação, perda auditiva, febre e secreção do ouvido.
  • A maioria dos casos pode ser curada com antibióticos. Em alguns casos a inserção de tubos de ventilação pode ser necessária.

Otoesclerose
  • Otoesclerose é a causa mais comum de Perda Auditiva Condutiva em adultos.
  • Causada por falta de cálcio em volta do estribo (ossículo da orelha média), impossibilitando-o de vibrar e enviar os sinais sonoros à orelha média.
  • Mais de 90% das pessoas com otoesclerose pode recuperar a audição normal através de cirurgia.

Outras Causas
  • Bloqueio temporário(ex. alergias, infecções na orelha externa como rolha de cera, etc...)
  • Perfuração do tímpano
  • Fratura do osso da orelha média
http://www.unitronbrasil.com.br/people/hearingloss/causes/conductive.htm

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A IMPORTÂNCIA DA AUDIÇÃO

A audição é o primeiro sentido que se desenvolve durante a gestação. De acordo com otorrinolaringologista francês, Alfred Tomatis, o embrião já começa a ouvir os primeiros ruídos aos quatro meses e meio. E esses sons são da voz, do batimento cardíaco e da respiração da mãe.

Neste período, qualquer interferência física ou emocional, pode dificultar o desenvolvimento deste sentido o que acarreta problemas futuros de relacionamento.

Quem não ouve bem pode apresentar dificuldade de concentração, de compreensão e de emissão de sons. Também pode ter dificuldade de memorização, labirintite e problemas de dicção e transtornos emocionais como a depressão.

De acordo com o professor Tomatis, "um cérebro não tem férias nem aposentadoria". Por isso, temos que ter cuidados especiais com esse sentido. E, não só durante a infância. Com a idade avançada também pode acontecer a diminuição da nossa capacidade de ouvir. Assim, para termos uma vida melhor, precisamos aprender a reeducar nosso ouvido.

Reeducar é uma solução!

Para corrigir falhas no processamento auditivo, e reeducar o ouvido, foi trazido ao Brasil o Método Tomatis, baseado nas relações existentes entre o ouvido e a voz, a escuta e a comunicação.

Esse método estimula as áreas do córtex cerebral responsáveis pela atenção, concentração, linguagem e comunicação, através de uma verdadeira revolução terapêutica, denominado “Ouvido Eletrônico”.

Trata-se de um equipamento que emite sons restauradores do equilíbrio emocional e psíquico e provoca estímulos sonoros a partir da música. Baseado na conclusão científica, que a audição é um dos principais fatores do equilíbrio emocional e do desenvolvimento, o professor Tomatis, acreditou que o ouvido reeducado pode ser a solução para muitos problemas de comportamento de crianças, adolescentes e adultos, além de corrigir problemas de fala, agressividade, hiperatividade e depressão.

O “Ouvido Eletrônico” faz um balanceamento de sons, através de filtros que isolam os sons agudos de alta freqüência, responsáveis por estimular a audição e promover uma ginástica nos músculos do ouvido médio. Ele estimula o ouvido, um dos órgãos mais sofisticados do corpo, que possui uma ligação direta com o córtex cerebral, região que comanda a percepção e os processos de aprendizado. Por conseqüência o tímpano também é estimulado, e por ele passa o nervo chamado Vago, que também percorre outros órgãos do nosso corpo, como o esôfago, estômago e intestino, reequilibrando todo o organismo do paciente.



Benefícios do Método Tomatis:

  • Melhora a percepção auditiva.
  • Aumenta a capacidade de atenção, concentração e memorização.
  • Desenvolve a coordenação motora e a habilidade da escrita.
  • Estimula a fala, melhora a dicção e a expressão vocal.
  • Equilibra os casos de ansiedade, hiperatividade, depressão e stress.
  • Libera a criatividade.
  • Trabalha a voz, o canto e a afinação vocal.
  • Facilita o aprendizado de idiomas.
Fonte: http://www.tomatis.com.br/metodo.htm

DECIBEL ( TUTORIAL DE ÁUDIO E ACÚSTICA)



Volume é o correlato psicoacústico da intensidade sonora. A percepção do volume está relacionada à variação de pressão gerada por uma onda sonora e, portanto, à sua intensidade.

Nosso sistema auditivo tem dois limites de audibilidade:

- limiar de audibilidade (mínima intensidade audível)
- limite de dor (máximo nível de intensidade audível sem danos fisiológicos ou dor)

A gama entre os 2 limites é muito grande. Para uma frequência pura de 1000 Hz, esses limites vão de 10-12 watt/m2 a 1 watt/m2, ou seja, uma razão de 1 trilhão para 1.






Numericamente, a referência em watt/m2 não é confortável. Para isso foi introduzida uma razão de compressão logarítmica, o decibel (dB).

DECIBEL é uma relação logarítmica entre duas potências ou intensidades.

PdB = 10 log10 (P1/P0) ou IdB = 10 log10 (I1/I0)

Trecho do texto de autoria - Fernando  Iazzetta
http://www.eca.usp.br/prof/iazzetta/tutor/

SOM (TUTORIAL DE ÁUDIO E ACÚSTICA)

Som pode ser entendido como uma variação de pressão muito rápida que se propaga na forma de ondas em um meio elástico. Em geral, o som é causado por uma vibração de um corpo elástico, o qual gera uma variação de pressão corresponde no meio à sua volta. Qualquer corpo elástico capaz de vibrar rapidamente pode produzir som e, nesse caso, recebe o nome de fonte sonora.

Em geral percebemos o som através de variações de pressão no ar que atingem nosso ouvido. Para que possamos perceber o som é necessário que as variações de pressão que chegam aos nossos ouvidos estejam dentro de certos limites de rapidez e intensidade. Se essas variações ocorrem entre 20 e 20.000 vezes por segundo esse som é potencialmente audível, ainda que a variação de pressão seja de alguns milionésimos de pascal.

Uma onda sonora pode ser representada em um gráfico bidimensional onde o eixo horizontal representa a passagem do tempo e o vertical a variação de pressão. Esse tipo de gráfico pode fornecer várias informações sobre o som.


Grafico de Onda SenoideGráfico de onda senóide

O gráfico acima mostra dois ciclos completos de oscilação de uma onda senoidal. O eixo horizontal representa a passagem do tempo enquanto que o vertical representa a variação de pressão em um determinado ponto do meio.

Os sons que ocorrem no meio ou que são gerados por instrumentos musicais são geralmente complexos. Entretanto, para se entender a complexidade sonora torna-se útil partir de um caso mais simples e genérico: o som senoidal, chamado som puro porque é desprovido de harmônicos e cujo nome é deve-se ao fato de poder ser representado pelo gráfico de uma função seno. Esse tipo de som não é gerado por instrumentos tradicionais nem é encontrado na natureza, mas pode ser conseguido artificialmente através de um sintetizador eletrônico.

Autor do texto - Fernando Iazzetta
http://www.eca.usp.br/prof/iazzetta/tutor/

ESCALAS (TUTORIAL DE ÁUDIO E ACÚSTICA)

O ouvido chega a discriminar diferenças de altura que correspondem a aproximadamente 0,03 de um semitom, o que nos daria a possibilidade de perceber 30 alturas diferentes no intervalo de um semitom. Uma sequência de alturas selecionadas entre essas possibilidades é chamada de escala e cada altura dessa escala é chamada de nota. A razão entre duas notas é chamada de intervalo. Por exemplo, o intervalo entre uma nota de 150Hz e uma nota de 100Hz tem uma razão de 3 para 2 (150/100 = 3/2). Em música alguns intervalos que correspondem às alturas de uma escala recebem nomes específicos. Assim a relação de 1/1 é chamada de uníssono, de 2/1 é chamada de oitava, 3/2 de quinta justa, 4/3 de quarta justa. Em geral, a oitava é tida como intervalo de referência na formação das escalas e os outros intervalos são subdivisões da oitava. Quando dois intervalos somados resultam em uma oitava, eles são inversões, como no caso de uma quinta mais uma quarta, ou uma terça menor mais uma sexta maior.
    Alguns lembretes matemáticos úteis para se calcular a formação de escalas:  
  • para somar dois intervalos, basta multiplicar suas razões: IV+V = (4/3)*(3/2) = (2/1) = oitava;
  • para subtrair, basta dividir suas razões;
  • para achar a inversão, basta multiplicar o valor menor por 2: inversão de uma quarta = (4/3)*(1/2) = (2/3) = quinta.
Autor do Texto: Fernando Iazzetta
http://www.eca.usp.br/prof/iazzetta/tutor/

ACÙSTICA MUSICAL - FERNANDO IAZZETTA

Professor na área de Música e Tecnologia do Departamento de Música da Escola de Artes da USP e coordenador do Laboratório de Acústica Musical e Informática (LAMI). Graduou-se em percussão pelo Instituto de Artes da UNESP e realizou seu doutorado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP com a tese "Sons de Silício: Corpos e Máquinas Fazendo Música". Foi pesquisador associado e professor no Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da PUC-SP de 1997 a 2002. Durante esse período coordenou o Centro de Linguagem Musical (CLM) juntamente com o compositor Silvio Ferraz. Tem desenvolvido ampla atividade artística como compositor e músico eletroacústico. Suas composições para diferentes formações camerísticas e meios eletrônicos foram apresentadas em diversos teatros e festivais de música no Brasil (Festivais Música Nova, Bienais de Música Brasileira Contemporânea, Encontro de Compositores Latino-Americanos, Encontro Internacional de Música Eletroacústica, FILE - Festival Internacional de Arte Eletrônica, Mostra Sesc de Artes, Dança Brasil, Mostra de Artes do Fórum Cultural Mundial, LiveCinema, Emoção Art.ficial, entre outros), e exterior (Festival International de Musiques et Créations Electroacoustiques, Burges; Festival Acousmatique International, Bruxelas; Festival des zeitgenössischen brasilianischen Tanzes, Berlin; Visiones Sonoras, México, entre outros), além de gravadas em CD. Nos últimos anos tem desenvolvido tecnologias e programas para performance em tempo real e realizado trilhas para espetáculos multimídia e vídeos. Como pesquisador dedica-se particularmente ao estudo e utilização de novas tecnologias musicais. Entre 1994 e 1995 fez estágio como pesquisador associado no Center for New Music and Audio Technologies (CNMAT) da Universidade da California em Berkeley desenvolvendo pesquisa sobre sistemas musicais interativos. Em 2003 realizou estágio como pesquisador visitante no Electronic Music Studio da McGill University em Moltreal, Canadá (Bolsa Fapesp) e em 2006 no Ircam, em Paris (Bolsa Fapesp). Em 2008 foi compositor-residente no VICC-Visby International Centre for Composers, na Suécia. É autor dos livros "Música: Processo e Dinâmica" (AnnaBlume, 1993) e "Música e Mediação Tecnológica" (Perspectiva, 2009) além de diversos outros artigos publicados no Brasil e exterior. Recentemente lançou uma coletânea com suas obras eletroacústicas no CD "Música Eletroacústica Brasileira", pelo selo LAMI. Suas áreas de interesse são: sonologia, gesto, interação, acústica musical e desenvolvimento de programas e composições em ambientes de performance interativa.



PROJETO E SIMULAÇÃO ACÚSTICA DE AMBIENTES PARA ESCUTA MUSICAL


ACMUS é um Projeto Temático financiado pela Fapesp e coordenado pelo Prof. Dr. Fernando Iazzetta. O projeto reune pesquisadores de diversas áreas como música, arquitetura, ciência da computação, física e engenharias e tem como objetivo o estudo de questões relativas ao comportamento acœstico de salas destinadas à música. Como parte do projeto está sendo criado um software destinado à medição e simulação do comportamento acústico de ambientes.


Para saber mais sobre o projeto Acmus acesse o site:

http://gsd.ime.usp.br/acmus
Departamento de Música
Escola de Comunicações e Artes (ECA)

Departamento de Ciências da Computação
Instituto de Matemática e Estatística (IME)
Universidade de São Paulo (USP)
 
 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

MÚSICA X QUALIDADE

   Ao acordar hoje, lembrei da resposta de um aluno, quando de minha indagação, do porque  não fazia anotações e  não possuía nenhum conteúdo da disciplina em seu caderno.
   A resposta foi simples: -Professora, tudo que desejo tem na "internet"....!.

 
   Estaria ele incorreto , em parte....ou completamente correto ?!!
   Certamente que haveria divergências de opiniões à respeito...
   Estamos na era das "mudanças contínuas", quando pensa-se que aprendeu algo, provávelmente já existam novas técnicas, novas teorias, novas idéias...
   Tudo ficou descartável...mais rápido...enjoa-se com facilidade. Poucos desejam saber o "porquê", sempre desejam algo "novo" e  "inédito".
  Muita "informação", mas poucos sabem "qualificar" e o que fazer com ela.
  Percebo isso também na "música". Cantores novos, grupos, bandas, despontam, fazem "sucesso", vendem muito, e "desaparecem".... O nível musical, é outro assunto, que parece ser de menor relevância para muitos, seja por falta de conteúdo ou de parâmetro.
  Precisamos reaprender a "ouvir" e usarmos o "senso crítico" para então "absorvermos" o que tem "qualidade".
  A música de boa qualidade, atravessa séculos, faz discípulos, é inesgotável... Toca a alma, os mais profundos sentimentos...essa sim "globaliza"!
 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

ANOTAÇÕES X INTERNET

Depois de dois meses sem postar, resolvi escrever algo que me preocupa em nosso mundo "globalizado". Tudo mudou sem dúvida, mas sempre haverá dois lados em nossa corrida para o desenvolvimento... As informações hoje, nos chegam através dos mais variados meios de comunicação, mas sem dúvida a "internet " foi o que nos abriu as "portas" para essa rápida modalidade.
Lembro-me que para conseguirmos pesquisar alguma coisa, tinhamos de ter folhas de "papel almaço", caneta e disposição de ir até a biblioteca pública, procurar sobre o assunto, trazer muitos livros até a mesa de estudos, ler todo material e então escolher o que iríamos copiar nas folhas, para apresentar o trabalho. Os mais "afortunados" tinham uma máquina de escrever e faziam curso de datilografia, mas trabalhos "datilografados" não eram aceitos pela maioria dos professores, que desejavam trabalhos "apenas" escrito à mão.... É os tempos mudaram....para alegria de muitos....mas também para a preocupação de todos nós!
Podíamos  ouvir palestras, (sem recursos audio visuais), e copiávamos quase tudo o que podíamos em nossos cadernos de anotações, que depois eram passados à limpo. Não precisávamos esclarecer que tal frase ou tal pensamento era de determinado autor.... pois isso não era muito importante...não nos causava dano algum, caso você contasse para alguém sobre o mesmo, sem nominar a autoria...
Os tempos mudaram....sem dúvida... qualquer fato, idéia, trecho, frase, palavra, tem de ser nominado, esclarecido e comprovado quem é o autor....pois se não o fizer, automaticamente pensa-se em "plágio", em "roubo intelectual" e outras coisas mais que a lei penaliza.
Como sou da "velha guarda", e não me preocupava com essa nova forma de agir, percebo que preciso me "policiar" cada vez mais sobre esse assunto.
Dia 01 de outubro, recebi uma mensagem através de um comentário aqui em meu blog  sobre uma postagem que fiz no início de fevereiro de 2012, sendo" inquisitada" e "acusada" de plágio, por ter copiado um trecho desse post, de um trabalho "não publicado" de uma pessoa que reclamava os direitos autorais. A explicação é simples: assisti uma palestra em 2007 que eu poderia dizer "doméstica", pois foi dentro do ambiente escolar em que eu era professora, e onde seria responsável pelo coral pedagógico escolar. Então me passaram algumas dicas, que eu de forma "antiga" copiei em meu "caderno de anotações", os quais utilizei no coral, gostei, comprovei que eram idéias muito interessantes, sensatas e que deram resultados positivos. Então tive a "infeliz idéia" de compartilhar no blog... naturalmente que não coloquei autoria, pois não sabia e nem me passou pela cabeça que isso poderia me gerar um problema após quase 6 anos, e de um trabalho " sem publicação".
Espero que isso nos sirva de lição....e que sejamos "cuidadosos"....
Ahhh!! Antes que me esqueça.....não copie meu texto e se copiar....escreva quem é o autor!