Apresento abaixo, partes do artigo: O uso do fantoche como resgate da subjetividade em educação, de autoria de Aline Poester Freire/FUFRG, que fundamenta o uso de fantoches no aprendizado.
Autoconfiança, iniciativa e persistência. Estes são alguns traços
que favorecem ao indivíduo correr os riscos necessários para se ir além do
conhecido e persistir em direção aos objetivos almejados..
Entre estes aspectos
mencionados, não é novidade saber que a sociedade em que vivemos nos ensina
desde muito cedo, controlar as nossas emoções, a resguardar nossa curiosidade,
a evitar situações que poderiam redundar em sentimentos de perda ou de
fracasso. Aprendemos também, desde os nossos primeiros anos, a criticar as
nossas idéias e a acreditar que o talento, que a inspiração, que a criatividade
são o resultado de fatores sobre os quais temos pouco controle e que estariam
presentes em apenas poucos indivíduos privilegiados. Aprendemos a não explorar
as nossas idéias e a bloquear a expressão de tudo aquilo que poderia ser
considerado ridículo ou motivo de crítica.
Outras aprendizagens
ocorrem também desde os primeiros anos, contribuindo para falsificar a nossa
percepção do mundo e de nossas possibilidades.
Premidos também por uma
necessidade de ser aceitos, somos muitas vezes levados a anular as nossas
idéias, a limitar as nossas.
Assim, de acordo com Freire (1996) ao pensar
sobre o dever que temos como educadores de respeito a dignidade, autonomia e
identidade em processo do educando, devemos lembrarmos também, do respeito
necessário ao educando, que jamais deve ser negado na prática educativa.
Dentre as barreiras
emocionais, que dificultam o aproveitamento de nossas possibilidades,
salientam-se a apatia, a insegurança, o medo de parecer ridículo, o medo do
fracasso, os sentimentos de inferioridade, bem como um autoconceito negativo.
Ao propor uma atividade
com a utilização do fantoche para estimular a capacidade de expressão das
crianças ao se colocarem suas interioridades o profissional deverá estar
consciente de que não é fácil provocar mudanças rápidas no autoconceito. Elas
ocorrem de forma lenta, ao longo do tempo.
Uma atitude de estímulo e de consideração deve
permear todas as atividades desenvolvidasem sala de aula, na qual o fantoche poderá dar excelentes resultados.
O fantoche pode ser um
excelente recurso para os educadores estimularem a imaginação e o uso de
imagens sensoriais.
O comportamento
imaginário é um fenômeno comum na vida de muitas crianças e desempenha um papel
importante no seu desenvolvimento social, emocional e intelectual. Neste
sentido, Jersild (1971, 358) comenta:
Através do faz-de-conta,
dos devaneios e de outras atividades da imaginação, é a criança capaz de
ampliar enormemente a extensão do seu mundo. Na sua imaginação, salta ela as
fronteiras do tempo e do espaço e consuma façanhas que passam dos limites da
sua força real..
Alguns professores
ignoram e desconhecessem a extensão em
que a criança faz uso de sua fantasia e imaginação.
Muitos alunos são
vistos, por seus professores como apáticos, desatentos e desinteressados, fruto
possivelmente da metodologia utilizada pelo professor e do programa
desenvolvido na escola, que tinha como objetivo único a transmissão de
conhecimentos os quais, na sua grande maioria, eram muito distantes dos
interesses e experiências daquele grupo de alunos. O conteúdo era ainda
apresentado de uma forma mecânica e pouco atraente, acreditando os professores
que as condições ótimas para a aprendizagem implicavam em silêncio, atenção e
repetição de conteúdo.
Mudanças ocorreram,
porém, na concepção de ensino e de aprendizagem, bem como
dos recursos e possibilidade de cada criança. A importância de se cultivar a
imaginação passou a ser ressaltada e o uso das imagens sensoriais,
especialmente de imagens visuais, passou a ser apontada como um dos recursos
para favorecer o desenvolvimento e clarificação de idéias.
O educador que aceita o
fantoche como recurso auxiliar, aguça a curiosidade do aluno por aquilo que,
nos seus estudos, se relaciona com o mundo que o cerca.
Contudo, o educador que
admite a utilização do fantoche como incentivo a aprendizagem, estimula seus
alunos como pessoas criadoras e abertas ao mundo, tanto interior de si mesma,
quanto a realidade externa que vive. Ninguém pode nem se libertar de sua
cultura, mas através da educação e da utilização de recursos que venham
expandir o aprendizado, entender como construímos e o que produz a nossa
subjetividade.
A proposta da utilização
do fantoche tem esse objetivo, trabalhar aspectos culturais, sociais e pessoais
da criança como resgate da subjetividade, cultivando a consciência de
diferentes meios de abordagem, isto é, através da imaginação, criatividade,
para que a criança verdadeiramente possa conhecer e sentir o mundo.
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