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INTRODUÇÃO-
Contudo importa entender que a recepção de
bens simbólicos por parte de alunos, receptores ou usuários da escola e da
mídia depende de “filtros” que tornam esse processo complexo, criativo e ativo,
contrariando as teses de que receptores de produtos da mídia e da escola são
consumidores passivos.Esses processos requerem entendimento de
que a questão do conhecimento escolar e da comunicação pode ser mais da ordem
da mediação, e menos do uso de meios ou de técnicas.
A
escola e os processos de escolarização estão fundamentadas no iluminismo, onde
acredita-se que a escola se constitui numa das condições essenciais para
promoção da democratização e para o alcance da cidadania.
A comunicação se estruturou de forma mais
ágil a partir da organização social de formas ou bens simbólicos em uma
produção institucionalizada e de difusão geral. Assim,a comunicação difunde,
reitera e reforça formas de conduta e valores culturais.(THOMPSON, 1998, In:
Tosta, 2001).
A educação e a comunicação visam à livre
expressão e informação como condição para a democracia social e o exercício da
cidadania. Historicamente a mídia dependeu da expansão da educação com vistas à
alfabetização para a formação de mercados e públicos consumidores.
A mídia compartilha a mais de um século,
com a escola e com a família, contrariando a tese da escola como instância
privatista desses processos. São nos processos de educação e comunicação,
amparados sobretudo na oralidade e na imagem que recebemos e reelaboramos à
cultura: a cultura dos outros, dos nossos ancestrais; a nossa cultura. Nessa
dinâmica aprendemos a elaborar o novo, fazemos avançar a história, tendo esta,
na palavra, um dos seus elementos mais fortes, porque é sustentáculo da
“prática social solidificada”, como afirma Schaff, citado por Baccega (2000).
Realizam-se dois movimentos nos processos
de educação:
1) Mediação
entre o social, a prática construída e o indivíduo, no qual se forma a base dos
pensamentos individual e coletivo, possibilitando a continuidade do processo
histórico da cultura.
2) Mediação
que a palavra e a imagem fazem entre o pensamento individual e o social e pela
possibilidade que cada um tem de ser sujeito
de
reelaborar produzindo o novo, revelando como a educação se desenvolve na tensão
entre o individual e o social.
A interação comunicação/cultura, na qual
reside a conjunção comunicação/educação/escola. Em outros termos, se temos a
pretensão de formar cidadãos críticos, precisamos entender os mecanismos de
organização, produção e regulação da mídia, para sermos educados para ler,
selecionar, criticar, refutar, ressignificar o mundo e nos construirmos como
sujeitos autônomos, competentes do ponto de vista técnico, político e ético.
Entendemos que educação e mídia são campos
originais, abrangentes e interdisciplinares, que muitas vezes tendem,
equivocadamente, a reduzir à sua lógica e perspectiva todas as outras, sendo
necessário, pela aprendizagem, pesquisa e experimentação sistemática, remodelar
novos pontos de observação.
De acordo com Braga e Calazans (2001),
as interações mais evidentes entre
Comunicação e educação são propostas a partir das intencionalidades educativas-
no esforço de aperfeiçoar os processos comunicativos necessários à obtenção de
aprendizagem.(p.57)
Citemos
algumas delas:
1) Usos
dos meios tecnológicos no ensino presencial e a distância.
2) Educação
para os meios tecnológicos;
3) Leitura
crítica da mídia;
4) Saberes
escolares e saberes da experiência cotidiana e midiática;
5) Sistemas
de representação dos processos escolares na mídia e desta na escola.
O
uso exagerado das tecnologias digitais, faz com que as atividades mais
estimulantes, como a leitura, que envolve diversas funções cerebrais seja deixada
de lado.
Nesse processo, que poderíamos chamar de
transição cultural oral e escrita para cultura digital, as crianças e
adolescentes tem sido, talvez, os mais prejudicados, uma vez que o
desenvolvimento neuronal acaba sendo moldado preguiçosamente.
Para se ter idéia dessa saturação de
informações, calcula-se que nas últimas três décadas a humanidade produziu um
volume de informações maior do que nos cinco mil anos precedentes e, em breve,
isso será duplicado a cada quatro anos.
Talvez esteja aí o maior desafio da
Educação de hoje: incentivar o uso das tecnologias digitais, e, ao mesmo tempo,
não permitir que o conhecimento se forme fragmentado, supérfluo e vazio. Melhor
que ele nem sequer ocorra.
A TV
desempenha hoje o papel de educadores coletivos, dados da UNICEF demonstrou que
as crianças brasileiras são as que mais permanecem em frente à TV, em
contrapartida são as que menos lêem no mundo.
Partindo do pressuposto de que uma das
principais funções da educação é formar a consciência crítica o indivíduo,
sendo que ensinar não é transferir conhecimento simplesmente, mas criar
possibilidades para a sua própria produção ou construção (FREIRE, 2003),
reafirmamos que se faz necessário, nos tempos atuais, pensar a Educação com uma
perspectiva comunicativa.
O trabalho educativo é o de transformar a
informação midiática em conhecimento de conteúdo educacional e social e de
interesse para gestores, professores, alunos e o entorno da escola. Ao usar
meios e suportes diversificados, o professor pode contribuir para a
constituição de sujeitos aptos a interagir com o mundo e a assumir posições
comprometidas com a transformação social.
No final do século XX e no início do século
XXI, favoreceu o processo de midiatização da cultura, o questionamento das
práticas pedagógicas tradicionais e ainda, o desejo de estudo, de análise e de
intervenção nessas duas áreas.
O
mundo hoje é trazido pela mídia, que nos chega via satélite, infovias,
ciberespaços, hipertextos e tantas outras ferramentas. Conviver numa sociedade
altamente simbólica implica afirmar que a cultura da mídia, na verdade, se
enraíza e ganha significação no território onde se encontram ambos os cenários
(produção e recepção) e não em apenas em um ou em outro. É nesse território de
negociação de significados que a educação, com destaque para a escola, adquire
materialidade, atua.
O papel da educação é formar uma
consciência crítica do indivíduo, sendo que ensinar é muito mais que transferir
conhecimento, deve-se incluir todo o aparato midiático disponível na sociedade.
Concluímos
que deve o educador instigar, participar, questionar e refletir, possuir habilidade, conhecimento e atitude,
pois os alunos necessitam de espaço para serem ouvidos e considerados.
A escola é uma transmissora de conhecimento
ou uma transmissora de ideologias? Precisamos entender que ela é uma difusora
dos valores ideológicos.
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