sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Mídia e Educação


 - INTRODUÇÃO-


      Os meios de comunicação informam e conformam pontos de vista a partir dos quais interpretamos assuntos. Isso ocorre porque esses meios se configuram também como “educadores”, dividindo essas funções com agências   sociabilizadoras tradicionais, como a família e a escola.
    Contudo importa entender que a recepção de bens simbólicos por parte de alunos, receptores ou usuários da escola e da mídia depende de “filtros” que tornam esse processo complexo, criativo e ativo, contrariando as teses de que receptores de produtos da mídia e da escola são consumidores passivos.Esses processos requerem entendimento de que a questão do conhecimento escolar e da comunicação pode ser mais da ordem da mediação, e menos do uso de meios ou de técnicas.


-DESENVOLVIMENTO-



    A escola e os processos de escolarização estão fundamentadas no iluminismo, onde acredita-se que a escola se constitui numa das condições essenciais para promoção da democratização e para o alcance da cidadania.  
    A comunicação se estruturou de forma mais ágil a partir da organização social de formas ou bens simbólicos em uma produção institucionalizada e de difusão geral. Assim,a comunicação difunde, reitera e reforça formas de conduta e valores culturais.(THOMPSON, 1998, In: Tosta, 2001).
    A educação e a comunicação visam à livre expressão e informação como condição para a democracia social e o exercício da cidadania. Historicamente a mídia dependeu da expansão da educação com vistas à alfabetização para a formação de mercados e públicos consumidores.

     A mídia compartilha a mais de um século, com a escola e com a família, contrariando a tese da escola como instância privatista desses processos. São nos processos de educação e comunicação, amparados sobretudo na oralidade e na imagem que recebemos e reelaboramos à cultura: a cultura dos outros, dos nossos ancestrais; a nossa cultura. Nessa dinâmica aprendemos a elaborar o novo, fazemos avançar a história, tendo esta, na palavra, um dos seus elementos mais fortes, porque é sustentáculo da “prática social solidificada”, como afirma Schaff, citado por Baccega (2000).

    Realizam-se dois movimentos nos processos de educação:

1)    Mediação entre o social, a prática construída e o indivíduo, no qual se forma a base dos pensamentos individual e coletivo, possibilitando a continuidade do processo histórico da cultura.

2)    Mediação que a palavra e a imagem fazem entre o pensamento individual e o social e pela possibilidade que cada um tem de ser sujeito

de reelaborar produzindo o novo, revelando como a educação se desenvolve na tensão entre o individual e o social.

    A interação comunicação/cultura, na qual reside a conjunção comunicação/educação/escola. Em outros termos, se temos a pretensão de formar cidadãos críticos, precisamos entender os mecanismos de organização, produção e regulação da mídia, para sermos educados para ler, selecionar, criticar, refutar, ressignificar o mundo e nos construirmos como sujeitos autônomos, competentes do ponto de vista técnico, político e ético.

    Entendemos que educação e mídia são campos originais, abrangentes e interdisciplinares, que muitas vezes tendem, equivocadamente, a reduzir à sua lógica e perspectiva todas as outras, sendo necessário, pela aprendizagem, pesquisa e experimentação sistemática, remodelar novos pontos de observação.

    De acordo com Braga e Calazans (2001),

        as interações mais evidentes entre Comunicação e educação são propostas a partir das intencionalidades educativas- no esforço de aperfeiçoar os processos comunicativos necessários à obtenção de aprendizagem.(p.57)

Citemos algumas delas:

1)    Usos dos meios tecnológicos no ensino presencial e a distância.

2)    Educação para os meios tecnológicos;

3)    Leitura crítica da mídia;

4)    Saberes escolares e saberes da experiência cotidiana e midiática;

5)    Sistemas de representação dos processos escolares na mídia e desta na escola.

    O  uso exagerado das tecnologias digitais, faz com que as atividades mais estimulantes, como a leitura, que envolve diversas funções cerebrais seja deixada de lado.

    Nesse processo, que poderíamos chamar de transição cultural oral e escrita para cultura digital, as crianças e adolescentes tem sido, talvez, os mais prejudicados, uma vez que o desenvolvimento neuronal acaba sendo moldado preguiçosamente.

    Para se ter idéia dessa saturação de informações, calcula-se que nas últimas três décadas a humanidade produziu um volume de informações maior do que nos cinco mil anos precedentes e, em breve, isso será duplicado a cada quatro anos.

    Talvez esteja aí o maior desafio da Educação de hoje: incentivar o uso das tecnologias digitais, e, ao mesmo tempo, não permitir que o conhecimento se forme fragmentado, supérfluo e vazio. Melhor que ele nem sequer ocorra.

     A TV desempenha hoje o papel de educadores coletivos, dados da UNICEF demonstrou que as crianças brasileiras são as que mais permanecem em frente à TV, em contrapartida são as que menos lêem no mundo.

    Partindo do pressuposto de que uma das principais funções da educação é formar a consciência crítica o indivíduo, sendo que ensinar não é transferir conhecimento simplesmente, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou construção (FREIRE, 2003), reafirmamos que se faz necessário, nos tempos atuais, pensar a Educação com uma perspectiva comunicativa.

    O trabalho educativo é o de transformar a informação midiática em conhecimento de conteúdo educacional e social e de interesse para gestores, professores, alunos e o entorno da escola. Ao usar meios e suportes diversificados, o professor pode contribuir para a constituição de sujeitos aptos a interagir com o mundo e a assumir posições comprometidas com a transformação social.

    No final do século XX e no início do século XXI, favoreceu o processo de midiatização da cultura, o questionamento das práticas pedagógicas tradicionais e ainda, o desejo de estudo, de análise e de intervenção nessas duas áreas.


 - CONCLUSÃO –



     O mundo hoje é trazido pela mídia, que nos chega via satélite, infovias, ciberespaços, hipertextos e tantas outras ferramentas. Conviver numa sociedade altamente simbólica implica afirmar que a cultura da mídia, na verdade, se enraíza e ganha significação no território onde se encontram ambos os cenários (produção e recepção) e não em apenas em um ou em outro. É nesse território de negociação de significados que a educação, com destaque para a escola, adquire materialidade, atua.

     O papel da educação é formar uma consciência crítica do indivíduo, sendo que ensinar é muito mais que transferir conhecimento, deve-se incluir todo o aparato midiático disponível na sociedade.

     Concluímos que deve o educador instigar, participar, questionar e refletir,  possuir habilidade, conhecimento e atitude, pois os alunos necessitam de espaço para serem ouvidos e considerados.

   A escola é uma transmissora de conhecimento ou uma transmissora de ideologias? Precisamos entender que ela é uma difusora dos valores ideológicos.

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