terça-feira, 17 de abril de 2012

CRÍTICA ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO ESTUDO DE PIANO

A MEMÓRIA E O PROCESSO SELETIVO NAS PRÁTICAS COTIDIANAS DO ESTUDO DO PIANO: UMA CRÍTICA ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS.

Maria Luiza Feres do Amaral



Para a realização de um estudo, sobre a construção e a produção de uma determinada obra musical, no repertório pianístico, integra-se alguns conceitos teóricos à sua prática. Para isso podemos Inicialmente, partir dos pressupostos mencionados por Sloboda (1985), que diz: o domínio técnico de uma composição musical é uma conquista que reúne qualidades, como rapidez na execução, precisão de toque, de tempo, e memória acurada em larga escala.

Então, toda a atividade que será realizada pelo aluno, deverá ser feita através da decodificação dos elementos contidos na partitura musical. Esses códigos são aqueles que se referem ao ritmo, harmonia, e articulação, sugerindo uma descrição estrutural da composição. Assim, essa atividade musical exercida pelo aluno, no caso da decodificação do texto, começa a ser inserida no processo de aprendizagem musical. Contando a linguagem musical, com o conhecimento de sua estrutura formal, do seu estilo, da idéia principal que o autor sugeriu, no momento da composição.

O estudo do piano, como também de outros instrumentos musicais, sempre foi ao longo dos séculos, conhecido por exigir dos alunos uma dedicação exclusiva. Este estudo, era concentrado no desenvolvimento da velocidade, igualdade, agilidade e fortalecimento dos músculos dos dedos. Assim, os estudantes de piano tinham que preparar um repertório espantoso com uma coleção de estudos e exercícios, contendo os mais usuais problemas técnicos. Logo, no estudo diário do piano, observa-se que ao se dar a leitura de notas do texto, do ritmo, do dedilhado e da sua movimentação; os estudantes apresentam grandes dificuldades em reter na memória esses passos pretensos à execução da obra. Assim, os estudantes fazem uso de numerosas horas de estudos, procurando através das repetições exageradas dos textos, concluir uma produção efetiva.

Ao definir práticas para o ensino do piano, os livros específicos de técnica, oferecem para cada situação, planos de estruturação, planificação estritamente independente e funcional, de acordo com os objetivos. Porém, os objetivos tem sido pouco claros entre os estudante e os pedagogos. Tendo em vista, a realidade sócio-cultural e também curricular de nossas escolas livres de música e de nossas universidades, que não se adaptam a esses critérios.


Em meados do século XVIII, muitas mudanças houveram na ideologia, no caráter e estilo das artes em geral. A música em particular, trouxe mudanças no campo artístico e técnico-interpretativo. Assim, numa visão mais recente, procura-se agrupar o estudo da técnica com um repertório adequado às dificuldades, às facilidades do aluno de piano e às suas condições sócio-culturais. Acreditando nessa teoria, pode-se pensar em um estudo contemporâneo, buscando uma proposta pedagógica, como: "A memória e o processo seletivo nas práticas cotidianas do estudo do piano".

As repetições infindáveis, até a sua exaustão eram os mecanismos usados por alguns professores, baseados nos métodos do século passado, assinados por Hanon, Pischna, Phillip e Krause. Na repetição, acreditava-se na articulação e imobilidade da mão (condicionamento dos músculos dos dedos), esquecendo do controle cerebral e na fadiga muscular. Esses mestres, desconheciam que os erros se incrustram no cérebro, assim como os acertos; usando o método das passagens, recomeçando sempre da mesma maneira para chocar-se de novo com os mesmos problemas.

Portanto, vê-se a necessidade de adequarmos uma prática de estudo mais duradoura, de caráter puramente intelectual, sabendo que o trabalho mental, é quem organiza toda a atividade pianística. Quando um pianísta realiza determinada idéia musical, o estímulo auditivo deve sempre preceder a reação motora, tanto no estudo quanto na performance. O trabalho excessivo, bem como a prática extenuante, ocasionará um resultado deficiente, acontecendo a fadiga do sistema nervoso central que muitas vezes não é percebida por alunos e seus orientadores.

Uma atenção especial, deve-se ao fato de constituir um critério na resolução das dificuldades diversas que aparecem no estudo, evitando assim, um grande erro pedagógico, enfrentado os mesmos simultâneamente. Tanto a aprendizagem, quanto o ensino, sentirão efeitos positivos, se racionalizados. O aluno raramente sabe estudar, e sustenta a idéia de que as repetições serão o remédio para tal.

Levando em consideração os aspectos anteriores, conclui-se que a memória musical desempenha um papel decisivo nas realizações do executante. Portanto, num sentido mais amplo, o estudo dos problemas técnicos e sonoros de uma obra musical, seguem em perfeita harmonia, devendo ser executado com mecanismos diferenciados e criativos, dando enfoque a uma rápida e sólida aprendizagem.

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