domingo, 1 de abril de 2012

SISTEMA LÍMBICO

Sabe-se hoje que as áreas relacionadas com os processos emocionais ocupam distintos territórios do cérebro, destacando-se entre elas o Hipotálamo, a área Pré-Frontal e o Sistema Límbico. Os mecanismos que controlam os níveis de atividade nas diferentes partes do encéfalo e as bases dos impulsos da motivação, principalmente a motivação para o processo de aprendizagem, bem como as sensações de prazer ou punição, são realizadas em grande parte pelas regiões basais do cérebro, as quais, em conjunto, são derivadas do Sistema Límbico.






Em 1878, o neurologista francês Paul Broca observou que, na superfície medial do cérebro dos mamíferos, logo abaixo do contes, existe uma região constituída por núcleos de células cinzentas (neurônios), a qual ele deu o nome de lobo límbico (do latim limbus, que traduz a idéia de círculo, anel, em torno de, etc), uma vez que ela forma uma espécie de borda ao redor do tronco encefálico (em outra parte desse texto escreveremos mais sobre esses núcleos).
Esse conjunto de estruturas, denominado mais tarde de Sistema Límbico, aparece na escala filogenética a partir dos mamíferos inferiores (mais antigos). É esse Sistema Límbico, o qual comanda certos comportamentos necessários à sobrevivência de todos os mamíferos, cria e modula funções mais específicas, as quais permitem ao animal distinguir entre o que lhe agrada ou desagrada.
Aqui se desenvolvem funções afetivas, como aquela que induz as fêmeas a cuidarem atentamente de suas crias, ou a que promove a tendência desses animais a desenvolverem comportamentos lúdicos (gostar de brincar).
Emoções e sentimentos, como ira, pavor, paixão, amor, ódio, alegria e tristeza, são criações mamíferas, originadas no Sistema Límbico. Este Sistema Límbico é também responsável por alguns aspectos da identidade pessoal e por importantes funções ligadas à memória. A parte do Sistema Límbico relacionada às emoções e seus estereótipos comportamentais denomina-se circuito de Papez. Na década de 30, refletindo sobre os trabalhos de Cannon e Bard, o neurofisiologista Papez propôs que os diversos componentes do Sistema Límbico mantinham numerosas e complexas conexões entre si.
Assim, o neocórtex se comunica com o Hipotálamo através de conexões do Giro do Cíngulo, formando uma região chamada de Hipocampo (veja hypothalamus e cingulate gyrus na figura). Pois bem. Essa região, o Hipocampo, processa as informações recebidas do córtex e as projeta para os corpos mamilares do Hipotálamo através de uma estrutura chamada Fórnix.
Mais precisamente, as emoções e memórias fluem da Amígdala e Hipocampo para os corpos mamilares através de fórnix (veja imagem da direita na Figura 1). Do fórnix seguem para o núcleo anterior do Tálamo, via fascículo mamilotalâmico, e do Tálamo para o Giro Cingulado, irradiando-se para o neocórtex, colorindo emocionalmente a experiência cognitiva. Do neocórtex esses estímulos voltam novamente para o Giro Cingulado, retornando à Amígdala e Hipocampo.
Deste modo é modulada a resposta emocional. Este circuito também está envolvido na formação dos sonhos e da experiência inconsciente. De fato, a mente inconsciente não é nenhuma realidade abstrata ou conceitual, mas fisiologicamente, é a elaboração da vida ou dos estímulos que ela oferece organizados no Sistema Límbico-Hipotalâmico.
A medicina geral tem, quando observa e descreve manifestações fisiológicas, incluindo aqui as ocorrências psicopatológicas, uma irrefreável tendência para a redução e fragmentação dos eventos. Descrevemos funções psíquicas, tais como a sensação, a percepção, a atenção, a memória, o pensamento, o juízo, a vontade, etc., ou aspectos parciais da atitude humana, como o estado de ânimo, a excitabilidade, a impulsividade, o domínio dos impulsos, etc., como se tratassem de ocorrências emancipada da pessoa que as experimentam. Descrevemos um transtorno autoimune como se ele existisse fora da pessoa que o apresenta.

Quando encontramos desvios daquilo que consideramos normal, falamos logo de sintomas doentios, muitas vezes sem considerar a circunstância global onde aparece esse elemento não-normal. Devido à essa tendência à fragmentação dos eventos humanos foi formada a maioria dos conceitos e dos preconceitos populares e usuais na medicina. Se isso fosse verdadeiro, teríamos a impressão de que a vida pudesse ser compreendida como um mosaico formado a partir da somatória de manifestações isoladas. Esta impressão, não obstante atraente, não corresponde jamais à realidade.

É assim, por exemplo, que costumamos estudar separadamente a memória do pensamento, a orientação da atenção, o impulso do afeto... Mas essa separação tem uma finalidade meramente didática porque, de qualquer forma, o pensamento pressupõe a existência de lembranças contínuas. E vice-versa, ou seja, cada recordação pressupõe uma realização intelectual significativa. De fato, só nos lembramos daquilo que percebemos, então a sensopercepção também não pode ser, de forma alguma, emancipada da memória. As recordações implicam, o que é importante para nós, a consciência. Então a consciência está envolvida na memória, no pensamento, na sensopercepção... e assim por diante. Quando nos lembramos de um amigo, raramente lembramos que gravata estava usando, mas podemos muito bem lembrar se ele estava alegre ou triste. Dessa forma envolve-se também a sensibilidade ou afetividade.
Características do Córtex Cerebral  A localização das diversas funções em áreas específicas do córtex não implica que uma determinada função seja mediada exclusivamente por uma única região cerebral, mas sim que
As áreas de associação cortical, que são as áreas Pré-Frontal, Parieto-Têmporo-Occipital e Límbicas, integram as informações somáticas com o planejamento do movimento. Suas funções prioritárias são:
Córtex Pré-Frontal: planejamento e execução das ações motoras complexas
Córtex Parieto-Têmporo-Occipital: integração das funções sensoriais com a linguagem
Área Límbica: integração da memória com aspectos comportamentais relacionados a memória e motivação
Córtex Pré-Motor: início da ação
- Áreas corticais superiores sensitivas conectadas diretamente a áreas primárias sensitivas projetam para o córtex pré-motor, que projeta para o córtex motor primário.
- Áreas corticais superiores sensitivas não conectadas diretamente a áreas primárias sensitivas projetam para o Córtex Pré-Frontal, que projeta para o Córtex Pré-Motor
O Córtex Parieto-Têmporo-Occipital recebe projeções de áreas somáticas superiores visuais e auditivas, processando a informação sensitiva envolvida com a percepção e a linguagem
O Córtex Límbico recebe projeções de áreas ssensitivas superiores e projeta para outras regiões corticais, dentre elas o córtex pré-frontal.


No cérebro normal, dotado de inúmeras e quase infinitas interconexões, a interação entre os dois hemisférios é tão integrada que não se pode dissociar claramente suas funções específicas. Ambos se auxiliam na efetuação de tarefas várias. Nenhuma parte do sistema nervoso funciona isoladamente, de tal forma que o cérebro pode fazer com que as funções das áreas lesadas sejam assumidas por outras áreas sadias.
É importante sabermos com que idade se desenvolve, mais satisfatoriamente na pessoa, seus lobos frontais e pré-frontais (depois dos 12 anos ). O Córtex Pré-Frontal do hemisfério esquerdo é muito mais relacionado à cognição e consciência, ou seja, intelectual, que o seu homólogo do lado direito. Os argumentos racionais das terapias cognitivas procuram fazer a pessoa reaprenderem a lidar com suas emoções através da cognição, como uma alternativa racional das exigências da angústia detonada, seja pelo córtex frontal direito ou Sistema Límbico.


Ballone GJ - Sentimentos e Emoções - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2008

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