quarta-feira, 11 de abril de 2012

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO-MUSICAL NA SÍNDROME DE WILLIAMS




O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO-MUSICAL NA SÍNDROME DE WILLIAMS SOB
A ÓTICA DO MODELO ESPIRAL DE DESENVOLVIMENTO MUSICAL DE SWANWICK & TILLMAN


Projeto apresentado à disciplina Monografia I (HA092-A), curso de Música - Ed. Musical, Departamento de Artes, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná

Orientador(a): Beatriz Ilari

HENRIQUE DE CARVALHO VIVI
CURITIBA - PARANÁ
2007


RESUMO

A pesquisa, com caráter experimental, foi elaborada a partir da idéia de desenvolver um contexto brasileiro do modelo espiral de desenvolvimento musical de Swanwick e Tillman com alunos da Educação Especial. Foi escolhido trabalhar a pesquisa apenas com portadores da Síndrome de Williams/Beuren por suas características auditivas, relacionadas à sensibilidade com os sons e uma facilidade de expressão em resposta a sons ouvidos, sejam eles musicais ou não. Após a fundamentação teórica para designar o genótipo e fenótipo dos portadores, bem como as características do modelo espiral e suas fundamentações, foi elaborado um questionário aos pais e três tipos de testes para os portadores da Síndrome, de acordo com as etapas da teoria espiral. Os dados foram coletados e comparados, e as implicações dos resultados adquiridos pela pesquisa abordada estão delineadas ao final do texto.

Palavras-chave: contexto brasileiro; Educação Especial; desenvolvimento musical; Síndrome de Williams/Beuren

Sensibilidade auditiva e características cognitivas em música
Os portadores da Síndrome de Williams possuem, em sua maioria, uma anormal sensibilidade aos sons (Johnson et al, 2001). Explicado, talvez, pelo seu fenótipo na carga genética (lembrando que a elastina tem participação na formação do ouvido interno e externo), seu comportamento em reação aos sons é particular. Esta sensibilidade ao som, ou a alguns tipos de som, é o que a literatura chama de "hiperacusia" . A literatura atual envolvendo música e Síndrome de Williams, por vezes, acaba por generalizar a "facilidade à música" dos portadores, bem como generalizar qualquer disfunção de ordem sonora processada no cérebro como "hiperacusia". Clinicamente, abordando-se o termo:
"(...)Hiperacusia, definida clinicamente como uma 'sensibilidade anormal ao som'; ao qual 'Sensibilidade' tem o significado de ouvir pequenas ondas sonoras (e não confundir com baixas freqüências), ou seja, uma habilidade de ouvir sons fracos que outras pessoas (que não eles) não conseguiriam.(...)"
Assim, a fim de clarear o processo auditivo no fenótipo musical dos portadores da Síndrome de Williams, e outras situações parecidas que podem ser confusas se generalizadas, são classificados 4 termos que podem ser correlacionados entre si:
- "Hiperacusia", abordada acima, como uma sensitividade anormal à sons fracos, ou seja, sensibilidade auditiva ao som cuja fonte sonora está à uma distância ao qual um ouvido dito "normal" não ouviria;
- "Odinacusia" , como uma pequena sensação desconfortável a certas alturas ou dinâmicas de som, bem como sensação dolorosa a sons altos, fortes, ou ambos;
- "Alodinia auditiva", como uma aversão ou medo de certos sons que normalmente não são aversivos , e;
- "Fascinação auditiva" , como a atração ou fascinação por certos tipos de som.
Os portadores da Síndrome de Williams podem apresentar qualquer uma destas condições, ou mais de uma, ao qual se condicionam e se relacionam entre si (Levitin, 2005). Há relatos de que os portadores possuem uma Fascinação auditiva tão apurada por um tipo de som, como relatado em um portador, que tinha uma anormal atração por sons de aspiradores de pó, capaz de distinguir o modelo, marca e especificidades de qualquer aspirador de pó através do seu som . Ainda não são encontradas pesquisas recentes que expliquem como funciona o processo cognitivo ao ouvir sons ou certo tipo de som, partindo da característica neurofisiológica do portador da síndrome, bem como sua ativação cerebral, que é diferenciada das pessoas em desenvolvimento "típico" (Levitin, 2003).
Qualquer uma das condições de sensibilidade auditiva dos portadores pode também ser aplicada à música, tendo a consciência de que os "produtos musicais" (como envelopes sonoros, percepções auditivas musicais previamente estabelecidas, etc.) e as músicas "reais" (tais quais músicas já existentes no repertório) podem ser incorporados ao mesmo tipo de condições auditivas dos portadores da Síndrome de Williams. De qualquer modo, nem todo portador da síndrome é necessariamente musical; pela subjetividade de como o portador pode ser sensível a algum tipo de música, alguma música existente, algum produto sonoro, algum trecho musical, algum timbre de um instrumento musical específico, ou ainda a junção de mais de um destes fatores, ou a soma de todos eles, etc., isto é, o portador pode ter fascinação pela música, por um instrumento musical, por um tipo específico de música, ou por trechos musicais, entre outros.
Ainda que não haja literatura o suficiente para descrever o processo cognitivo-musical e as condições de sensibilidade auditiva dos portadores de forma cartesiana, pode-se afirmar que a memória musical estabelece um papel fundamental. Lenhoff (2001) relata que sua filha, Gloria Lenhoff, uma portadora da Síndrome de Williams com todas as suas características esperadas, apresenta um banco de memória de mais de 2.000 músicas no seu repertório, incluindo, músicas em línguas orientais, que fogem do padrão de prosódia e alturas diatônicas ocidentais . A partir deste estudo de caso, é possível investigar se os portadores da Síndrome de Williams possuem ou não o "ouvido absoluto" , visto que, assim como a da sensibilidade aos sons, esta também é uma condição ligada à memória (Levitin, 2006). De qualquer modo, esta sensibilidade ao som quanto ao timbre de instrumentos musicais, peças musicais, trechos harmônicos, melódicos, rítmicos, dinâmicas; todas as características constituintes da música (e neste projeto, dando enfoque à música ocidental) pode servir como alavanca para uma mais eficaz apreciação, execução, composição e improvisação dos portadores da Síndrome de Williams. Ainda que o atraso mental, as dificuldades motoras e a noção visual-espacial distorcida sejam características marcantes, os portadores podem apresentar uma facilidade na aprendizagem da música, expressa por meio da memória musical, apreciação e execução tão eficaz quanto à de pessoas em desenvolvimento "típico" (Levitin, 2005). Os portadores da síndrome que tem esta facilidade geralmente passam mais tempo ouvindo música, reconhecem timbres, peças, e geralmente associam emoções às músicas que ouvem e gostam (Levitin, 2005; Lenhoff, 1997).

http://www.swbrasil.org.br/sw/desenvolvimento-cognitivo-musical-na-sw

State-Journal.com - Rare condition gives woman low IQ, perfect pitch

Photo By State Journal/Kelly MackeyGloria Lenhoff plays the accordion as she sings “All I Have To Do Is Dream.” Lenhoff has Williams Syndrome and lives at Stewart Home School. Photo By State Journal/Kelly MackeyGloria Lenhoff plays accordion and knows 2,000 songs. Gloria Lenhoff can’t read music, but the 54-year-old Stewart Home School resident has spent her life learning more than 2,000 songs by ear. Lenhoff has Williams Syndrome, a rare genetic condition that gave her both an IQ of 55 and asto...
http://www.state-journal.com/news/article/4586024?page=0
 
 

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