quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

ERNESTO NAZARETH

Ernesto Júlio de Nazareth nasceu na cidade do Rio de Janeiro, aos 20 de março de 1863. Filho de Vasco Lourenço da Silva Nazareth, despachante aduaneiro, e Carolina Augusta da Cunha Nazareth, teve como local de nascimento a casinha identificada pelo nº 9, da Rua do Bom Jardim (atual Rua Vidal de Negreiros), num dos flancos do Morro do Nheco (depois chamado Morro do Pinto), entre os bairros de Santo Cristo e Cidade Nova. Em 1874, após o falecimento de Carolina Augusta, sua primeira professora de piano, passou a receber lições de Eduardo Rodolpho de Andrade Madeira, amigo da família, e, mais tarde, de Charles Lucièn Lambert, afamado professor negro, de New Orleans, aqui radicado e grande amigo de Louis Moreau Gottschalk. Depois disso, seguiu sozinho, fazendo-se praticamente autodidata. Com a idade de 14 anos, portanto em 1877, compôs sua primeira música, a polca-lundu Você bem sabe, editada, no ano seguinte, pela Casa Arthur Napoleão & Miguèz, situada à Rua do Ouvidor, nº 89. Aos 14 de julho de 1886, na Igreja de São Francisco Xavier do Engenho Velho, casou-se com Theodora Amália Leal de Meirelles (1852/1929), que passou a assinar Theodora Amália Meirelles de Nazareth. E dessa união nasceram Eulina (1887/1971), Diniz (1888/1983), Maria de Lourdes (1892/1917) e "Ernestinho" (1896/1962).

Em 1919, Ernesto começou a trabalhar como pianista demonstrador da Casa Carlos Gomes, à Rua Gonçalves Dias, nº 75, de propriedade do também pianista e compositor Eduardo Souto. E dois anos depois, Villa-Lobos dedicou a ele a peça Choros nº 1, para violão. No mês de dezembro de 1928, levando-se em conta a data da publicação de sua primeira composição, nosso homenageado completou cinqüenta anos de atividades artísticas. Em janeiro de 1932, após turnê pelo Rio Grande do Sul, quando se apresentou em Porto Alegre, Rosário e Sant'Anna do Livramento, rumou para Montevidéu, capital do Uruguai, em companhia da filha Eulina e da amiga Maria Mercedes Mendes Teixeira, de onde embarcaria de volta ao Rio de Janeiro. Todavia, durante um passeio por aquela cidade, sofreu séria crise nervosa dentro da casa de instrumentos musicais de Julio Mousqués, à Rua Ituzaingó, números 1377 e 1391.

Já no Rio, depois de alguns exames, diagnosticou-se a sífilis. E diante da irreversibilidade do quadro neurológico apresentado, foi o maestro primeiramente internado, aos 10 de julho, na Fundação Gaffrée & Guinle, à época funcionando em um dos pavilhões do Hospício D. Pedro II, na Praia Vermelha, e, oito meses depois, aos 4 de março de 1933, na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá; de onde fugiu em 1º de fevereiro de 1934, vindo a falecer, possivelmente no mesmo dia, afogado nas águas da represa que ainda existe na floresta situada aos fundos desse manicômio. Seu corpo foi encontrado no dia 4 e sepultado no dia seguinte, no Cemitério de São Francisco Xavier. O compositor falecera com a idade de 70 anos, 10 meses e 10 dias, deixando-nos 88 tangos, 41 valsas, 28 polcas e mais hinos, sambas, marchas, quadrilhas, "schottisches", "fox-trots", romances, entre outros gêneros, perfazendo um total de 211 peças de autoria confirmada.

Luiz Antonio de Almeida
(Biógrafo de Ernesto Nazareth)


Radamés Gnattali tocando Odeon, de Ernesto Nazareth (1ª e 2ª partes) dentro de uma série de programas apresentada por Tom Jobim na década de 80, intitulada "A Música Segundo Tom Jobim" e dirigida por Nelson Pereira dos Santos. Retirado do documentário "Nosso Amigo Radamés" (1991) de Aluisio Didier e Moisés Kendler.

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